ATA DA TRIGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 12.05.1988.
Aos doze dias
do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de
Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua
Trigésima Oitava Sessão Ordinária da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona
legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada a existência de
“quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou que
fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Trigésima Sétima Sessão
Ordinária, que deixou de ser votada em face da inexistência da “quorum”. À MESA
foram encaminhados: pelo Ver. Isaac Ainhorn, 01 Pedido de Providências,
solicitando colocação de lâmpadas em duas luminárias de Rua Alarico Ribeiro;
pelo Ver. Pedro Ruas, 01 Pedido de Providências, solicitando que seja criada
uma linha de táxi-lotação com ponto de embarque na Rua Andrade Neves,
realizando trajeto desde esta rua até a Av. Praia de Belas, passando pela
Justiça do Trabalho e retornando pelas mesmas ruas, com dois horários pela
manhã e quatro pela tarde. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 01; 02/88, da
Comissão Organizadora do 1º Seminário Municipal sobre Esporte; 224/88, do Sr.
Prefeito Municipal; Telegrama do Presidente da Câmara de Vereadores de
Santiago. A seguir, o Sr. Presidente comunicou que, em vista do retorno dos
Vereadores titulares Elói Guimarães, Nei Lima, Nereu D’Ávila, Valdir Fraga
Wilton Araújo, deixam de exercer a Vereança os Suplentes Getúlio Brizolla,
Pedro Ruas, Auro Campani e Kenny Braga. Ainda, informou que, em vista do Ver.
Ennio Terra encontrar-se em Licença para Tratamento de Saúde, permanece na
Vereança o Suplente Isaac Ainhorn, cessando a Vereança do Suplente Cláudio
Dubina. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Lauro Hagemann saudou o retorno à Casa dos
Vereadores que se encontravam nas Secretarias Municipais. Discorreu sobre o
movimento que está sendo desenvolvido pelos municipários contra o arrocho do
salário desses servidores. Lembrou o discurso que assumia o Pref. Alceu
Collares durante a campanha eleitoral, solicitando a S. Exa. uma atitude de
diálogo com os representantes dos funcionários públicos municipais. Analisou a
política observada de parte dos Governos Federal, Estadual e Municipal em
relação ao funcionalismo público. Disse ter participado, ontem, de Ato Público
na UFRGS, que objetivava a sanção, pelo Governo Federal, do nome do Prof. Alceu
Ferrari para a Reitoria daquela Universidade. A Verª. Teresinha Irigaray falou
sobre o retorno, à Casa, dos Vereadores que se encontravam nas Secretarias
Municipais. Lamentou declarações do Pref. Alceu Collares, publicadas no jornal
Zero Hora de hoje, em que S. Exa. tece críticas à situação observada junto à
SMEC antes da posse da Profª. Neusa Canabarro, que atualmente responde por
aquela Secretaria. Comentou o trabalho que realizou durante o período em que
esteve na titularidade da SMEC, dizendo ter feito o possível para melhorar o
quadro educacional do Município. O Ver. Valdir Fraga declarou sua satisfação
por retornar à Casa, discorrendo sobre sua situação como Secretário do
Planejamento Municipal, agradecendo o apoio recebido e salientando seu objetivo
de dar continuidade ao trabalho que vinha realizando junto ao Executivo Municipal.
Reportou-se ao pronunciamento de hoje, do Ver. Lauro Hagemann, acerca do
funcionalismo público municipal. O Ver. Hermes Dutra teceu comentários sobre
entrevista concedida pelo Dep. Adroaldo Streck à Rádio Gaúcha, em que S. Exa.
declara ter votado a reforma agrária acompanhando a posição do “Centrão”,
seguindo o posicionamento do Sr. Leonel Brizola a respeito. Analisou os
reflexos dessa declaração e o fato de que este Legislativo, no próximo ano,
será responsável pela realização da Lei Orgânica Municipal. Discorreu sobre
debate realizado ontem, com a participação do Pref. Alceu Collares, acerca das
tarifas de água e esgotos cobradas pelo DMAE, sugerindo a realização de debate
semelhante na Casa. O Ver. Wilton Araújo, discorrendo sobre a sua atuação no Executivo
Municipal durante o período em que se manteve na direção da SMOV, salientou sua
disposição de continuar, na Casa, a participar da busca de soluções para os
problemas da Cidade. Defendeu a realização de eleições diretas para a
Presidência da República ainda neste ano. E o Ver. Elói Guimarães atentou para
a importância dos Legislativos para o questionamento das questões fundamentais
da população. Tecendo considerações sobre a experiência que adquiriu em sua
gestão junto ao Executivo de Porto Alegre, analisou o quadro de crise política
e econômica no País e seus reflexos sobre a nossa sociedade. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, o Ver. Flávio Coulon, congratulando-se com os Vereadores do PDT que hoje
retornam à Casa, discorreu sobre os reflexos que esse retorno ocasionará aos
trabalhos deste Legislativo. Falou acerca dos novos Secretários do Executivo
Municipal que hoje tomam posse. E o Ver. Adão Eliseu saudou o retorno à Casa
dos Vereadores que se encontravam nas Secretarias Municipais. Lamentou críticas
feitas pelo Ver. Flávio Coulon ao Pref. Alceu Collares, dizendo que esse
Vereador deveria voltar sua atenção ao trabalho dos representantes do PMDB na
Assembléia Nacional Constituinte e comentando a votação, pelos Constituintes,
da reforma agrária para o País. Os trabalhos estiveram suspensos por um minuto,
nos termos do art. 84, I do Regimento Interno. Durante os trabalhos, o Sr.
Presidente acolheu Questão de Ordem do Ver. Aranha Filho, acerca das Comissões
Permanentes que integrarão os Vereadores que hoje retornam à Casa. Nada mais
havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às quinze horas e
quarenta e quatro minutos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão
Solene a ser realizada às dezessete horas, para entrega do título honorífico de
Cidadã Emérita para a Srª. Evelyng Berg Ioschpe. Os trabalhos foram
presididos pelos Vereadores Brochado da Rocha, Frederico Barbosa e Rafael
Santos e secretariados pelos Vereadores Rafael Santos e Lauro Hagemann. Do que
eu, Rafael Santos, 2º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que,
após lida e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1ª Secretária.
O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Inicialmente, a Mesa faz uma comunicação nos
seguintes termos: tendo em vista o retorno dos titulares Elói Guimarães, Nei
Lima, Nereu D’Ávila, Valdir Fraga e Wilton Araújo, que se encontravam
licenciados nos termos do art. 188, para desempenhar os cargos públicos
municipais, federais e estaduais, na forma da Lei Orgânica, art. 27, deixam de
exercer a vereança as Suplentes Getúlio Brizolla, Pedro Ruas, Auro Campani e
Kenny Braga, a partir desta data.
Encontrando-se em licença o Ver. Ennio Terra, no período de 9 a 13 de
maio, permanece em substituição o Ver. Isaac Ainhorn, 1º Suplente. Deixa,
outrossim, de exercer a vereança o Suplente Cláudio Dubina.
Com a palavra o Ver. Lauro Hagemann, por inversão de tempo com o Ver.
Luiz Braz.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, é com prazer que eu saúdo a volta à Casa dos nossos velhos
companheiros, que até hoje, pela manhã, ocupavam as Secretarias do Município e
que, à tarde, agora, já retornam à Casa. Vejo apenas dois, e registro com
prazer as presenças dos Vereadores Valdir Fraga e Wilton Araújo. Mas a minha
presença na tribuna, nesta tarde, é para registrar o movimento que a classe
municipária está desenvolvendo em favor de uma melhoria salarial para esta
categoria tão afetada pelo arrocho que se abate sobre todos os setores da vida
nacional. Eu gostaria de que o Sr. Prefeito Municipal não apostasse na
desmobilização do funcionalismo municipal. Eu até faria um apelo muito
fraternal a S. Exa., para que não desse margem a que se pudesse pensar que ele
não está praticando outra coisa senão aquilo que condena exatamente nos outros
escalões desta República. Até o simples fato de recusar o entendimento direto
com a entidade máxima dos municipários é motivo para que se preocupe esta Casa
e a sociedade em geral, porque não corresponde ao discurso de campanha do Sr. Prefeito
Municipal. Não é com este tipo de tratamento que se vai resolver o problema. A
máquina municipal não depende exclusivamente da figura do Prefeito mas de todo
o corpo funcional da Prefeitura, e não vai ser este tipo de atitude que vai
parar a máquina administrativa a serviço da Cidade. Há um enorme
descontentamento dos funcionários. E isso foi agravado, agora, pelo terrorismo
que se abateu sobre os funcionários públicos de maneira geral, a partir de
demissões até de dirigentes sindicais, na Nova República, bem como de diversas
empresas estatais deste País. O problema de se eliminar o déficit público que
se verifica em todos os níveis, está obrigando a um tresloucado arrocho
salarial, o mais tresloucado de que este País tem memória e tudo para viabilizar
receitas para o FMI. Em qualquer análise que se possa fazer ao longo do tempo,
nunca os salários foram tão culpados pelo déficit público. Existem inúmeras
formas de evasão das rendas públicas que não são aqueles salários pagos aos
funcionários. Hoje, neste País, está instituída a roubalheira e o pior é que
não há punição para ninguém.
As próprias empresas multinacionais, através do descontrole da remessa
de lucros para o exterior, a todos os títulos, fazem uma evasão muito maior do
que aquela colocada em salários. São campanhas que visam a distrair a opinião
pública do verdadeiro sentido, da verdadeira causa.
As revisões salariais, hoje, no Município, estão ao talante do Prefeito
Municipal.
Os funcionários não têm como programar suas vidas em termos econômicos,
porque quando vão receber um aumento, este aumento não vem na data esperada e,
quando vem, é aquém das suas necessidades. Então, se se puder fazer um apelo ao
Sr. Prefeito Municipal, que ouça a direção da AMPA, que ouça os funcionários do
Município, porque ele precisa governar com esta imensa categoria. Não é se
afastando dela, hostilizando-a, até, às vezes, por questões, segundo transpira,
pessoais. Ora, na Administração Pública não se pode ter questões pessoais. Isso
é uma questão política. Não vamos misturar as coisas. O Sr. Prefeito Municipal
tem, ainda, um tempo a sua disposição para reverter este quadro miserável. Os
servidores públicos, principalmente municipais, hoje, estão numa situação
deplorável, porque não acompanharam a evolução da inflação e até das reposições
salariais que eram instituídas por via superior. É preciso que se dê atenção a
isso para que o própria Cidade, a própria sociedade porto-alegrense possa
cobrar dos servidores municipais a prestação de um serviço adequado.
Outro motivo que me traz à tribuna, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é
que, ontem, participei de uma assembléia docente, discente e funcional da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em prol da garantia do pleno
exercício democrático, exercido há pouco tempo atrás, que elegeu por votação
direta da comunidade acadêmica a figura do Prof. Alceu Ferrari como o primeiro
colocado na lista sêxtupla que foi enviada para que o Presidente da República e
o Ministro da Educação sancionassem como Reitor na próxima gestão da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Quero dizer a V. Exas. que também
esta Casa que abriga um número muito grande de egressos da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, inclusive contando, atualmente, entre seus 36 componentes
como professores da Universidade. Esta Casa, repito, não pode ficar alheia a
este movimento. No instante em que a sociedade se resolve em busca de maiores
espaços democráticos. A sanção do nome do Prof. Alceu Ferrari, por parte do
Presidente da República e do Ministro da Educação, é condição essencial para
que seja respeitado o princípio democrático, que nós pretendemos ver seguido
daqui para diante, em todas as esferas do Poder Público deste País.
Deixo, aqui novamente, a minha saudação aos colegas que voltam,
esperando que o nosso convívio transcorra na maior cordialidade, como sempre
havia transcorrido. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, por
transposição de tempo com o Ver. Luiz Braz, a Verª Teresinha Irigaray.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, hoje, a Câmara Municipal encontra-se numa tarde praticamente
festiva e não festiva. Não festiva, pela saída dos nossos colegas de Bancada,
os suplentes que, durante dois anos e meio, honradamente, dignamente e respeitosamente,
fizeram por bem cumprir os seus mandatos nesta Casa do Povo. E festiva, também,
porque estamos recebendo os seus titulares, cinco Vereadores que assumiram as
Secretarias do Município na gestão do Prefeito Alceu Collares. Nesta tarde, ao
saudar os que saem e ao saudar os que entram, digo da mágoa desta Vereadora,
companheira de Partido, pelas críticas e insinuações que a imprensa está
trazendo, no dia de hoje, e que foram proferidas ao Prefeito Alceu Collares. Eu
não posso admitir que um homem da sua envergadura política, do seu passado de
prestígio, de lutas e reivindicações, queira atingir aqueles que o serviram, e
o serviram com confiança. Ao assumir o governo, em janeiro de 86, fui convidada
pelo Sr. Prefeito para assumir a Secretaria de Educação e Cultura do Município
e o fiz com sacrifício, e o fiz demonstrando lealdade, e o fiz com
tranqüilidade, sabia que encontraria um mundo completamente diferente do que
era esta Casa, e um mundo completamente adverso a mim. Mas pela confiança
depositada, assumi o compromisso, e ficamos durante quatro meses enfrentando
grandes dificuldades ao assumir aquele novo mundo. Fizemos e entregamos ao Sr.
Prefeito Municipal tudo o que tínhamos de melhor: o nosso trabalho, a nossa
confiança, a nossa lealdade, a nossa militância partidária de quase 40 anos.
Reunimos o que achávamos que era a melhor equipe para trabalhar dentro da
Secretaria de Educação e Cultura do Município. Se falhamos, o erro é humano, de
todos nós. Agora, não podemos admitir que críticas se façam àqueles que
aceitaram, de boa vontade, o sacrifício. E se prestigiam, agora, outras
pessoas, desprestigiando aquelas que começaram o caminho. Eu, realmente, digo,
com tranqüilidade, que compreendo, e até entendo que o Sr. Prefeito prestigie a
atual Secretária da Educação e Cultura, Dra. Neuza Canabarro, professora de
grandes conhecimentos e de alta técnica profissional. Agora, o que eu não posso
entender e o que eu não posso admitir é que S. Exa. coloque situações em choque
e em exposição pública, desprestigiando aqueles que serviram anteriormente,
porque S. Exa. afirma e admite que elas assumiram com situação crítica entre
Secretarias. Dentro dessas situações críticas estava a da Secretaria da
Educação e Cultura do Município, onde precisou intervir para corrigir rumos, e
corrigir rumos com a indicação a ser feita posteriormente, com o atual
Secretário. Sinceramente, isto me penaliza, me deixa contristada, me deixa
sentimentalmente jogada na sarjeta, porque achamos que estávamos dando ao
Prefeito e ao seu governo tudo o que tínhamos de melhor, com a nossa
contribuição. Foi anunciado e elaborado o Projeto “Nenhuma Criança sem Escola”,
depois só de um mês de administração. Nós não tivemos mais hora, nem de dia nem
de noite, de descanso, procurando debater na comunidade, abrindo novos rumos e
novas portas, e novos caminhos para que S. Exa. não ficasse desprestigiado.
Então, não podemos entender. Quando S. Exa. admite, publicamente, em
jornal que houve intervenção dentro da Secretaria de Educação. Deixamos aquela
Secretaria com muita dignidade, porque não sabíamos, então, que o nosso
trabalho estava errado e que Secretaria já era destinada anteriormente para
outras pessoas. O que não podemos agora admitir que se faça uma crítica tão
severa e tão injusta em órgãos públicos, na imprensa, àqueles que trabalharam,
que labutaram, que serviram, dias e noites, horas e horas, percorrendo ruas e
batendo de porta em porta, indo do exército até a igreja, da igreja até a
associação comunitária, para conseguir os espaços que S. Exa. queria para não
deixar desabrigada “nenhuma Criança Sem Escola”, Projeto utópico, como todo
mundo dizia aqui; Projeto abrangente, como nós dizíamos. Projeto comunitário,
Projeto socialista, seja o nome que for, nós tentamos, Vereadores, e tenho certeza
de que abrimos aquela porta talvez enferrujada para nós, Ver. Hermes Dutra, que
lhe sucedemos, para nós, Ver. Frederico Barbosa, que sucedemos V. Exa. Para
nós, o caminho era difícil, porque nós não tínhamos, durante 20 longos anos, a
experiência do Poder Executivo. Nunca fui e nunca disse que era uma técnica em
educação, eu sou uma professora primária, lutei e trabalhei durante 20 anos
pelas escolas do meu Estado, agora, perfeita nunca fui, nunca me comprometi com
o Sr. Prefeito de ser perfeccionista. Reuni, na época, uma equipe que achei a
melhor. Convidei, para a Divisão de Cultura, Marisa Soibelmann, que era a
grande “marchand”, que representava a colônia israelita, que prestigiou
política e publicamente o Dr. Alceu Collares; convidei, para a Divisão de
Educação, a Prof. Maria Augusta Feldmann, pertencente ao CEPERS, que daria, com
seu brilho e sua invulgar capacidade, o prestígio para a Divisão de Escolas;
para a Divisão de Esportes, o Prof. José Edgar, que permaneceu até há pouco
tempo, emprestando a sua colaboração. Era o que eu tinha de melhor. Se os rumos
foram fechados e S. Exa. não gostou, e que agora, depois de dois anos e meio de
governo declara, foi um erro do Sr. Prefeito, porque, ao assumirmos, nós
estávamos colaborando, nós estávamos levando a nossa solidariedade, a nossa
lealdade, e dando todo o nosso trabalho e a nossa capacidade. O rumo do PDT, a
prioridade do PDT era a escola e a criança, e V. Exa., Ver. Valdir Fraga, que
me acompanhou naquela fase crítica e que muitas vezes esteve lá para me
auxiliar, V. Exa. sabe do sacrifício desta sua colega Vereadora. Mas se nós
tivéssemos entendido, se nós tivéssemos o alcance, naquela ocasião, de que não
éramos a pessoa escolhida para assumirmos a Secretaria, jamais teríamos aceito
o convite.
Agora, não posso aceitar, me recuso a aceitar que o homem que eu elegi,
faça críticas injustas, tão acerbadas contra uma pessoa que apenas tentou
colaborar, contra uma pessoa, uma mulher que apenas procurou ajudar, contra uma
militante do Partido em quem ele podia depositar a confiança de dizer: tem que
trabalhar até às 2 horas da madrugada e estar aqui para uma reunião às 6 horas.
Isso nós fizemos e a equipe o fez. Se nós fizemos erradamente, S. Exa. deveria
ter dito na ocasião.
Nós não sabíamos que estávamos na Secretaria errada, não sabíamos que
estávamos na casa errada, não sabíamos que o rumo que estávamos tomando era
errado.
Mas, que fique aqui apenas o registro magoado de quem procurou ajudar,
de quem procurou servir, de quem nunca, nesses anos em que estou aqui, pediu,
bateu, ou se queixou para pedir coisas à comunidade. Algumas vezes tentei, como
não consegui, procuramos resolver a nossa maneira e com nossas mãos. S. Exa.
jamais pode ter se queixado de que fomos incomodativos, ou que estivemos
prejudicando sua administração.
Mas, nada se pode fazer, e não há nada como um dia depois do outro. A
história dessa Cidade vai contar, como conta do sacrifício dos que passaram
pela Secretaria de Educação e Cultura. Como vai contar do sacrifício de V.
Exa., que chegou doente nesta Casa do povo, depois de ter assumido durante oito
meses; vai contar também do sacrifício do Ver. Hermes Dutra, Mano José, Rafael
Santos, e de tantos outros que por lá passaram. Mas acredito que nenhum de V.
Exas. foi tão duramente atingido pelo Prefeito, que os escolheu no rol de sua
confiança, como foi esta Vereadora, nessa manhã, ao ler na Zero Hora as
declarações, daquele que ela considera um Líder em nível municipal, estadual.
Eu realmente me emociono, mas as emoções têm que ser contidas, porque a
realidade se impõe dentro da notícia dos jornais. As emoções e gente guarda
dentro do nosso coração, e, eu não estou querendo vingança e nada, apenas que o
Sr. Prefeito contenha os seus ímpetos contra aqueles que trabalharam para ele,
aqueles que o ajudaram. E que talvez os novos, os novos eleitos para as
Secretarias possam fazê-lo melhor. Eu não fiz. Nas palavras do Sr. Prefeito eu
fui totalmente incapacitada. Muito bem. Eu me recolho a minha incapacidade,
realmente eu sou legislativa. É aqui que eu tenho que lutar, é aqui a minha
Casa.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento da oradora.) Vereadora, eu queria apenas dizer que até imaginava
que as críticas não tinham sido endereçadas a V. Exa., porém lendo a notícia
não há outra interpretação. Eu queria me solidarizar e queria recordar para que
os Anais registrem que por essas questões da vida assumi interinamente, por um
mês e meio, a Secretaria de Educação antes da transferência de Governo. E
recordo que recebi a visita de V. Exa., da Profª. Neuza Canabarro e da Profª.
Marlene Vargas, e ficamos uma tarde inteira a conversar e discutir os problemas
da educação de Porto Alegre. E no outro dia convocamos a Delegacia de Educação
e os representantes da SEC do Estado para já, ali, definirmos algumas
prioridades do Governo do Estado, em termos de Educação em Porto Alegre. Claro
que, posteriormente, o PDT haveria de implantar a sua filosofia que entende
como certa e que não quero aqui analisar, mas o que eu estranho em tudo isso é que
naquele momento as prioridades foram definidas por V. Exa., por Neuza Canabarro
e por Marlene Vargas.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Apenas o que eu acho, de
final, o trabalho na educação é um trabalho maravilhoso porque é em prol da
criança e do benefício das crianças de Porto Alegre. Porém não se pode
prestigiar, desprestigiando. Não se pode enaltecer tecendo comentários
desairosos a outras pessoas, não se pode fazer uma pessoa subir calcando na
sola do sapato, solapando uma outra que fez bravamente a primeira investidura
dentro da área educacional. Realmente a minha mágoa, realmente acho que foi um
gesto infeliz e uma palavra infeliz do Sr. Prefeito Municipal, mas nós estamos
aqui para receber as críticas também e o Sr. Prefeito está recebendo neste momento
também o meu desabafo. Não gostei, Sr. Prefeito, não devia tê-lo feito.
Deveria, então, em reserva, ter dito a sua Companheira e Colega de
lutas partidárias que não estava satisfeito com o trabalho, agora através dos
órgãos de imprensa somente uma pessoa de mentalidade medíocre pode tê-lo feito,
e isso eu não admito em S. Exa. o Sr. Prefeito Municipal. Muito obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Valdir
Fraga pelo tempo que lhe cede a Verª Jussara Cony. V. Exa. tem 10 minutos.
O SR. VALDIR FRAGA: Sr Presidente Geraldo
Brochado da Rocha, Vice-Presidente Frederico Barbosa, Secretário Rafael Santos,
prezados companheiros Vereadores. É de praxe o PDT chamar os companheiros só do
PDT de companheiros, mas, para mim, mudou, principalmente neste momento em que
retorno a esta Casa com muita satisfação e com muita vontade de conviver com
todos os senhores, respeitando, porque entendo que nós representando os
porto-alegrenses me parece que o direcionamento reivindicatório tem uma direção
só que é o bem comum da nossa comunidade. Quanto às posições políticas, nós
vamos nos respeitar mutuamente, cada um defendendo suas posições e aí poderá
haver algumas divergências, mas coloco aqui que eu vou divergir com muito
respeito como fiz até poucos dias atrás. Em 1986, assumimos o Governo
Municipal, Administração Alceu Collares, estamos retornando com o dever
cumprido e recordo bem, quando fui convidado, deixava de concorrer a Deputado
Estadual, parece até que eu tive sorte, o Prefeito me convidava e eu retirava a
minha candidatura. Assumi a Secretaria do Governo e, junto com os outros
companheiros que lá passaram, estamos, aqui, voltando e torcendo para aqueles
que estão assumindo os nossos lugares se saiam bem.
Alguns dos senhores não estiveram à testa do Executivo Municipal,
outros já estiveram e sabem que é um bom aprendizado. Estou orgulhoso,
satisfeito, retorno respeitando também os funcionários desta Casa que eu
aprendi a gostar no tempo que passei aqui Divergi com alguns, até vou citar o
nome da Nara, que, hoje, é minha amiga. E aqueles que eram meus amigos
continuam mais amigos ainda. Aos companheiros da minha equipe de trabalho que
estão aqui presentes, os Clubes de Mães que estão aqui também, aos companheiros
da SMOV que aqui estão para prestigiar o querido amigo Wilton Araújo, muito
obrigado por vocês terem vindo, e vocês conhecem a gente, sabem que vamos
continuar com muita força, com muita vontade aquele trabalho de quando aqui
estivemos, que quase foi idêntico ao trabalho à testa da Secretaria do Governo.
Retornamos com a certeza de que aqui, neste Legislativo Municipal, possamos dar
continuidade aos objetivos da atual administração, voltada para a participação
popular, “o povo no governo”. Pois “o Povo no Governo” é o lema da Administração
Alceu Collares. Estão aí os mutirões, estão aí os CIEMs de que nós nos
orgulhamos de participar, junto com a Secretaria de Educação, a Secretaria de
Obras e outras Secretarias, porque a Secretaria do Governo é uma Secretaria
meio. Não é uma Secretaria de ponta, como se diz, na decisão.
Por isso volto, respeitando a todos. Desejando que a gente possa se
entender da melhor maneira possível, para que possamos juntos deixar esta
Cidade cada vez mais feliz. Existem alguns problemas, é verdade que existem.
Existem divergências de Vereadores com o Prefeito? Existem. Políticas, também
existem. Reivindicatórias, também existem. Pois aqui ouvi do companheiro Lauro
Hagemann, pessoa que respeito muito, que se estivesse que escolher amigos, ele
seria um dos – e é – um dos meus amigos. Respeito a sua posição política,
também. Mas, Ver. Lauro Hagemann, o pronunciamento de V. Exa. chegou na hora
certa, no momento certo, pois nós estamos aqui, mesmo numa sigla diferente uma
da outra, mas me coloco à disposição para que possamos reunir aqui na Casa, a
AMPA; enfim, as entidades existentes dentro da área funcional, municipal, para
que possamos, então, fazer uma aproximação com o Prefeito, que tenho certeza,
já deve estar estudando algum aumento para os funcionários. O convívio com ele
me dá a certeza de que ele já deve estar conversando com a Secretaria da
Fazenda, a Secretaria do Planejamento, a Secretaria da Administração, claro que
deve estar havendo alguns problemas com a AMPA, como ele diz, muitas vezes a
AMPA ofende, o Prefeito também tem os seus momentos, e ele ataca muitas vezes a
entidade. Então, talvez agora possamos, juntos, não só eu, ou V. Exa., mas
todos os companheiros fazer uma aproximação, porque, realmente, os salários dos
nossos municipários estão defasados. Não há dinheiro, não há salário que
resista a esta inflação.
Por isso, me coloco à disposição de V. Exa., para nos somarmos a esta
reivindicação muito justa da classe funcional, e me colocando também à
disposição da Mesa desta Casa para ajudar, para somar para o engrandecimento do
nosso Legislativo Municipal. Vamos continuar juntos, se Deus quiser. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Hermes
Dutra, por cedência de tempo do Ver. Jorge Goularte.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, quero, em primeiro lugar, saudar os ilustres companheiros que estão
retornando à Casa, dando-lhes as boas-vindas e augurando que continuem aqui,
pela convivência que tinham quando daqui saíram. Quero também manifestar o
desejo de que não sejam egoístas e que nos transmitam, nos distribuam, o
enriquecimento adquirido na passagem pelo Executivo. Sejam bem-vindos. Quero me
referir a uma entrevista que vi hoje, pela manhã, do ilustre Deputado Federal
Adroaldo Streck, do PDT, no qual S. Exa. fez algumas declarações de profundo e
grave conteúdo. Os jornais do centro do País de ontem, traziam declarações
atribuídas ao Vice-Líder da Bancada do PDT na Câmara Federal, Deputado gaúcho
Amauri Müller de que Adroaldo Streck seria expulso do PDT, por ter votado com o
Centrão, no quesito da reforma agrária, na Constituinte. Hoje pela manhã, S.
Exa., dando uma entrevista num programa da Rádio Gaúcha, para um outro
Constituinte, o Deputado Mendes Ribeiro, antes de dar a entrevista, ouviu uma
entrevista do Sr. Amauri Müller, que disse o seguinte: que não pensavam em
expulsar o companheiro Adroaldo Streck, que apenas a Bancada ia fazer uma
reunião para ouvir explicações do companheiro, de por que o companheiro tinha
votado contra a orientação da Liderança da Bancada, mas que não se pensava em
discussão, que não era bem assim, que o jornal tinha dito o que ele não tinha
dito, etc. E o ilustre Deputado Adroaldo Streck – e aí é que está a gravidade,
vou gastar o tempo do Ver. Jorge Goularte para comentar este assunto – declarou
o seguinte: primeiro, fez uma declaração que eu achei sensacional. Disse que,
se fosse para votar sempre com o que o Partido manda, ele teria deixado uma
procuração ao Líder da Bancada e teria vindo cuidar da sua horta em Porto
Alegre. Foi o que ele disse no rádio, hoje pela manhã. E, segundo, disse que
votou de acordo com o que pensa o Dr. Leonel Brizola, com quem tem contato
diário, e que o Líder da Bancada, segundo ainda o ilustre Deputado, e o
Vice-Líder em questão, que era o nosso conterrâneo Amauri Müller, não tem este
contato tão freqüente com o Dr. Leonel Brizola. E foi mais longe, ainda, o
Deputado Adroaldo Streck. Disse que esta história de reunião de Bancada, para
dar explicações, acho que é um engano, porque explicação se dá para porteiro,
ou para guarda de trânsito, quando nos multa e nós dizemos que estávamos ali
esperando a esposa, que foi com o filho comprar um remédio na farmácia, etc.
A gravidade dessas afirmações do Deputado Adroaldo Streck mostra, a meu
juízo, duas coisas. Em primeiro lugar, que o rugir do leão não é tão grande
quanto parece. O Deputado João de Deus Antunes porque votou contra a decisão da
Liderança da Bancada, ia ser posto na rua. Fiquei imaginando por que é que não
faziam o mesmo com o Deputado Adroaldo Streck. Acontece que o Deputado Adroaldo
Streck é jornalista, tem um programa de rádio e, aí, as coisas já não são as
mesmas.
Em segundo lugar, isso vem demonstrar duas coisas. Primeiro, que a
Constituinte está demonstrando, na prática, que não tem o dogmatismo que muitos
querem que ela tenha. Em segundo lugar, há certa necessidade de que o ilustre
Líder nacional do PDT explique efetivamente sua posição em relação a esta
questão, caso contrário, aos seus liderados ficará difícil dar certas
explicações em função do que disse, hoje, o não menos ilustre Deputado Adroaldo
Streck, e não há por que desconfiar dele. Disse que votou de acordo com o que
pensa Leonel Brizola. Não analiso, é claro, o mérito da votação, o que
demandaria muito tempo. Estou apenas levantando a questão da dubiedade de
situações e ações que vivemos no dia-a-dia. Isso mostra que os chamados grandes
Partidos – e aí incluo os partidos médios como o PDT, como o meu Partido e
excluo os PCs, o PSB, o PT – mas os assim chamados grandes partidos na verdade
estão passando por um processo não tão monolítico, ou pelo menos não tão
monolítico como se quer mostrar. Aliás o que eu, pessoalmente, acho até muito
bom – e aí vou concordar com o Deputado Adroaldo Streck a história de que, no
processo constituinte do País, a eleição foi feita em cima de um programa
partidário, não é verdadeiro, porque a eleição foi feita em cima de candidatos
a Governador e o que precisa acontecer, realmente, é que os parlamentares têm
que votar de acordo com suas consciências.
Fiz toda esta história par que, efetivamente, comecemos também a
refletir um pouco sobre estas questões que, num segundo momento, vão nos afetar
porque a nós – não sei se a mim porque não sei se estarei aqui – mas ao Poder
Legislativo caberá fazer a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre. É claro
que vou fazer força para legislar, nobre Vereador – não tenha dúvida. Nós
teremos de fazer a Lei Orgânica do Município de Porto Alegre e, na formulação
da Lei Orgânica do Município, se for tentado se impingir a questão partidária
de cima abaixo, vai dar no que está dando na Constituinte. E nem o PDT que,
como tentou-me lembrar o Ver. Adão Eliseu, coisa que não esqueço nunca, porque
o conheço, e até convivi com ele na última campanha, quando fomos aliados, que
tem um líder de forte expressão que é o Dr. Leonel Brizola, pois nem o PDT está
livre disto, Vereador. Agora, imagine V. Exa. os outros partidos, que não tem
um caudilho, um líder, um Ayatolá, diz o ilustre representante árabe aqui nesta
Casa. Então vejam que este é o objetivo fundamental do meu pronunciamento, é
que a questão da Lei Orgânica do Município vai também sofrer este problema, e
se enganam aqueles que pensam que vai haver uma rigidez partidária. Quem assim
pensar e assim agir, vai acontecer como o que está acontecendo na Constituinte,
vão terminar caindo do cavalo, para usar uma expressão bem popular.
Para concluir, Sr. Presidente, quero me referir a um debate, que fomos,
ontem à noite, com o Prefeito Alceu Collares, que lamentavelmente, talvez pela
ausência do ilustre apresentador de televisão, Isaac Ainhorn, que lá não
estava, o nosso tempo foi encurtado, e nós não pudemos questionar S. Exa. na
forma que nós gostaríamos. E todos sabem que o Prefeito Alceu Collares é o
David Coperfield das palavras. Ele consegue, com as palavras, fazer como se
aquilo fosse uma Sete Quedas ou uma Foz do Iguaçu. Ele as jorra com uma
facilidade incrível e, embaralhadas e devidamente distorcidas, algumas vezes,
leva o telespectador a enganos. Nós não podemos, infelizmente, fazer um sistema
de réplica e tréplica, o que deixou S. Exa. sempre com a última palavra, o que
não é bom. Então, não se pôde, efetivamente, tirar desses debates um proveito
maior. Acho que seria extremamente interessante se nós conseguíssemos organizar
um debate desses, aqui, na Casa. Com o Prefeito numa boa – de minha parte, pelo
menos, sem qualquer ofensa -, mas que pudesse haver um questionamento mais
democrático, porque S. Exa. afirmou, por exemplo – desconhecidamente, é claro,
porque S. Exa. não é um mentiroso, eu o conheço – que eu votava a favor dos
aumentos, quando não é verdade, fui o único voto desta Casa contra o aumento da
água, fui voz isolada. Mas como eu não tinha o direito da réplica – e eu sou
educado, eu poderia gritar por aí e no microfone, mas não faria isso – alguns
telespectadores me cobraram hoje, dizendo: “Mas tu votaste a favor!” Eu disse:
“Não, eu votei contra.” “Mas, então, porque não disseste?” “Não disse porque
não tive oportunidade.” Então, seria interessante, Sr. Presidente, Ver. Valdir
Fraga, que nós espichássemos esse debate. Gostei da idéia do debate, só acho
que com mais tempo para todo mundo, para o Prefeito e para nós, Vereadores.
O Sr. Valdir Fraga: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu assisti ao programa de televisão e ao debate e,
realmente, o espaço e o tempo são muito curtos. Agora, esse debate pode ocorrer
hoje mesmo, V. Exa. usando a palavra, eu dando aparte, ou vice-versa, sobre a
água. Nós não precisaremos ir lá para a televisão falarmos sobre a água, aqui
mesmo pode ocorrer o debate.
O SR. HERMES DUTRA: Foi o que eu sugeri: aqui.
O Sr. Valdir Fraga: Pois então, talvez na
próxima semana V. Exa. levante o assunto ou eu o faça, ou outro companheiro, e
a gente inicie uma discussão sobre isso. Não é necessária a presença do
Prefeito, nem da televisão, estão aí os jornalistas, e nós vamos debater o que
está se fazendo, vocês vão dizer o que está errado, vão colaborar conosco
também, e vamos debater.
O Sr. Marcinho Medeiros: V. Exa. permite um aparte?
(Assentimento do orador.) A respeito de água, eu queria que o Hermes lembrasse
que antes da nova fórmula do DMAE, a maior parte da população de Porto Alegre
não pagava excesso d’água. Hoje, os conjuntos residenciais do BNH e outros
conjuntos pobres estão pagando excesso d’água. Não dá para entender: tiraram
água de piscina, ou botaram mais água na piscina?
O SR. HERMES DUTRA: Eu quero concluir, Sr.
Presidente, agradecendo à Mesa e dizendo: aleluia, aleluia, o Ver. Valdir Fraga
nos dá a boa nova e confirma o que me disse uma má língua no corredor, aqui,
que o Ver. Elói Guimarães teria afirmado, numa roda, que terminou o recreio na
Câmara, que “agora nós vamos lá para explicar as coisas”. Aleluia, aleluia!
Tomara que consigam explicar mesmo. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Pela ordem, Ver. Jaques
Machado que cede seu tempo ao Ver. Wilton Araújo.
O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente, membros da
Mesa, Senhores Vereadores. Hoje, o nosso retorno a esta Casa é motivo de
satisfação pessoal para nós, dado que nunca havíamos voltado desde que
assumimos, no Executivo Municipal de Porto Alegre, na Administração do Prefeito
Collares, em 1986, quando tivemos uma participação marcante no erguimento deste
prédio dado à Secretaria em que estávamos atuando, a Secretaria de Obras. Nos
momentos de erguimento do prédio nós já sentíamos a saudade da volta, dado à
saudade da discussão, dos debates, da política, da discussão ideológica,
partidária, programática, em que estávamos acostumados a fazer.
Porém, assumimos o Executivo e essa experiência rica, muito boa, nos
trouxe, como muito bem frisou o Ver. Hermes Dutra, uma outra experiência. Temos
aqui nova carga, nova bagagem de conhecimento e deveremos aplicar, usar, ter,
repartir com todos os Senhores. Sinto-me muito feliz por ser, como sempre,
muito bem recebido nesta Casa por todos os Senhores, oradores de hoje e tenho
certeza daqueles que não falaram também. Nós que retornamos com essa nova
experiência vamos ter aqui o enriquecimento do debate. Não repetiria a frase
acho que, até, provocantemente deixada pelo Ver. Hermes Dutra, de que acabou o
“recreio”. Não. Esta Casa nunca teve recreio. As discussões aqui sempre foram
sérias, baseadas na verdade, na alma da gente e esta Casa, até, vejo com
insatisfação a frase deixada com provocação porque aqui se faz administração do
Município de maneira séria, objetiva, clara, sem rodeios como sempre foi e este
espaço foi o que sempre procuramos assumir aqui dentro, o espaço da verdade, da
transparência. Voltamos com esse ímpeto, com essa vontade, agradecemos também a
presença dos nossos colaboradores na Secretaria e que hoje estão aqui e que
muitos nos deixam o carinho deles, porque fizeram questão de vir aqui, neste
primeiro dia.
Nós vamos manter estes vínculos de amizade, de dedicação mútua com
todos os senhores, e os que não puderam vir, lá da Secretaria.
Na introdução a nossa palavra, hoje, gostaria de partir para um assunto
que está aí, na boca de todo mundo, nos jornais, no coração da gente, estava
ontem no discurso do grande Vereador que deixou esta Casa, Ver. Pedro Ruas, que
é, exatamente a eleição direta para a Presidência da República. E tivemos essa
eleição, que muita gente não quer, que Ministros militares se reuniram, deve
ter sido um chá, um convescote qualquer, aí – me auxilia o Ver. Adão Eliseu, -
foi um uísque entre confrades, entre compadres, que levaram a um novo alerta à
população, ao País, dizendo: “nós não queremos eleições”. Como se a gente não
soubesse disso, como se a gente não soubesse que eles têm aliados fortes,
grandes, eficazes, velhos mandarins de todas as repúblicas que continuam lá.
Fica, então, o nosso primeiro brado, o nosso primeiro discurso já para
pedir eleições diretas neste ano. A Presidência da República é fundamental para
que se termine com isso, que o partido do Ver. Flávio Coulon está fazendo lá,
termine com todo esta corrupção que o País inteiro está vendo, dentro do
Governo Federal. O Vereador que aqui é tão atuante, e a ele rendo as minhas
homenagens pela atuação que tem diariamente. Deveria, também, e vou provocar
para que o faça, discutir a questão em nível nacional. Vamos pedir juntos,
tenho certeza que V. Exa., Ver. Flávio Coulon, e todos da Bancada do seu
partido situacionista em nível federal, vamos ter esta unidade aqui, tenho
certeza absoluta disso.
Mas, meus Senhores, gostaria, nesse primeiro dia de deixar essa minha
pequena mensagem, de dizer que estamos aqui para dividir com os Senhores a
responsabilidade de bem administrar e legislar em Porto Alegre.
Agradeço as homenagens, as lembranças, as honrarias recebidas e, vou
procurar de novo, nesta Casa, honrar esses compromissos que assumimos.
Assumimos em 85 com a campanha do Prefeito Colares, e já havíamos assumido
antes na campanha de 82, para a vereança nesta Casa.
Então, tenho aqui, a pessoa que vai fraternalmente estar com vocês, mas
como é da minha vontade do meu estilo, costumo discutir fortemente aquilo em
que acredito seja verdade, vamos manter nossa posição bem marcada.
Agradeço, finalmente, a recepção que estamos tendo hoje nesta Casa.
Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn cede
seu tempo Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, afastado por ano e meses desta Casa, pudemos ao longo do período em
que o Executivo e, em especial a área de transporte da Cidade nos envolveu,
avaliar e dimensionar o que representa e o que significa a Casa, a Câmara e a
tribuna como organismo de ressonância, para os problemas da Cidade de Porto
Alegre. É como se diz, Sr. Presidente, Srs. Vereadores: estando-se dentro da
floresta não se vêem as árvores, mas fora dela se vê a floresta. Exatamente, lá
de fora, na área do Executivo é que se pode bem avaliar a significação que a
Casa tem no questionamento das questões gerais da Administração, quer local,
quer estadual, quer federal. Eu diria meus caros amigos, irmãos e companheiros,
que tivemos a oportunidade rica de recolher algumas experiência. Haverei de
deduzir, nesta tribuna, estas experiências para uma análise desta questão
crucial e fundamental do planejamento urbano que é o transporte coletivo.
Evidentemente, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que nós, Município, somos a conseqüência, eu diria, de um grande processo nacional que hoje envolve este País. Talvez estejamos vivendo a mais dura crise de toda história deste País. Líamos, ontem, que a inflação, e a notícia era dada como algo de conforto, estava estabilizada em 20%. A notícia se colocava como algo de bom. “A inflação está estabilizada em 20%”. Vejam a dimensão deste dado e diga-se de passagem que esta questão de inflação não é o termômetro daquelas necessidades da população. Todos nós sabemos como se processa a inflação, o que é a inflação e nós temos setores da economia que a inflação atinge 40%, 50%. Mas, quando se coloca as dados inflacionários, se toma diferentes componentes que integram a economia para se ter a inflação porque a inflação é média, se toma o feijão, leite, a tarifa e determinadas necessidades supérfluas, que têm uma pequena defasagem, e dali se tira a inflação. Então a inflação, que é um dado assustador nos níveis colocados, por outro lado, não reflete a realidade da economia das questões básicas da sociedade e da população. O campo da economia atravessa momentos de profunda angústia, mas não ficam aí, meu caro Hermes Dutra, os sintomas que envolvem as preocupações nacionais. Nem na época da excepcionalidade, nem na época em que o Ministro do Exército era o Gen. Válter Pires, se tinha, e se ouviam, e se liam, as manifestações que se lêem e se ouvem hoje nos jornais e nos meios de comunicação.
A Assembléia Nacional Constituinte que, com suas dificuldades, com a falta, talvez, de sua representatividade, é um instrumento que, num determinado momento histórico, expressou a vontade nacional pois, é o Congresso Nacional que, mal ou bem, representa a Nação, é onde se labora a CPI da corrupção, que é o instrumento da democracia, porque a inspeção e o inquérito são instrumentos da democracia, e devem sê-lo. Pois, hoje, estão sendo questionados da forma mais desabusada pelas autoridades e pela área militar. Aos poucos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, está-se colocando uma camisa de força, no campo institucional, à Assembléia Nacional Constituinte, sob as mais variadas ameaças à mesma. Então, são fatos aos quais, ao meu juízo e na minha opinião, estão faltando respostas. Que o Ministro do Exército, que a área Militar opine na questão Militar é tradição brasileira e até a própria exceção, a própria Ditadura, tinha certa sobriedade em tratar questões desta natureza. Pois hoje, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que estamos vendo são verdadeiros éditos do Ministro do Exército à Assembléia Nacional Constituinte. Que Constituição se produzirá neste País diante e sob a dimensão dessas ameaças? Já se fala, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, de se convocar os reservistas. Montou-se melhor clima, para, exatamente, tirar da Assembléia Nacional Constituinte, não uma Constituição mesmo que pudesse ter as suas condicionantes etc. e tal, mas Sr. Presidente e Srs. Vereadores, para propiciar a votação que deverá se dar na questão do mandato presidencial, que é uma questão importante, se tivermos presentes à memória toda a grande cruzada cívica que se fez neste País, durante as “Diretas Já”, onde se pedia ao povo – e hoje estamos todos conscientes que ao povo se enganou – que votasse as “Diretas Já”, que a transição teria exatamente a idéia e a medida da transição. Pois a transição, que era um instrumento negociado para se passar a crise, se transformou, e se transforma, em perpetuidade. Estamos aí, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, com uma série de problemas que haveremos de analisar, isto porque, lá do Executivo, pudemos avaliar, e medir, e dimensionar, o que representa e o que significa a manifestação do Legislativo, a manifestação da Câmara Municipal de Porto Alegre, o que ela opera no interior da sociedade. E chamo a atenção para a responsabilidade enorme na inoculação de dados, pois é impressionante o que determinados dados, jogados à discussão popular, significam para a informação e para o interesse da comunidade. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Rafael Santos): Em tempo de Liderança, está com a palavra o Ver.
Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Pois hoje eu disse para minha mulher e para os meus filhos que eu
tinha que vir mais bonito para a Câmara, porque tinha acabado o recreio. Vi no
jornal ontem “acabou o recreio do Ver. Flávio Coulon”. Então, me preparei,
porque agora vai ser sério, ou seja, aqueles outros davam recreio para nós, vão
chegar e vão dar trabalho. Eu dizia para os meus filhos e para minha mulher: eu
tenho que ir bonito, porque agora que acabou o recreio, vou conseguir ver toda
a Bancada do PDT hoje, lá. Vai ser um dia de glória, tenho que ir, bem
paramentado, porque vai ter um fato inédito: os cinco vão chegar, vão conseguir
trazer toda a Bancada. Por isso que eu vim preparado. Mas continua tudo na
mesma. Dos cinco que vieram para ali, dois já não apareceram hoje por aqui. Mas
em todo o caso, vou saudar o retorno dos Vereadores. Vou dizer que a Casa se
reengrandece com a chegada de pessoas tão ilustres e vêm respaldadas por um
volume de votos tão grande. É verdade que, para nós progressistas, dá uma perda
de substância da bancada, de uma certa maneira, porque perdemos dois ilustres
membros do GUS, que davam o avanço progressista a esta Bancada. O Ver. Adão
Eliseu é representante, mas fica sozinho, praticamente, uma vez que os outros
dois representantes entraram em licença. Retorno daqueles cinco históricos do
PDT, dentro daquela linha de submissão ao grande líder Leonel Brizola, dentro
daquela linha de submissão ao segundo grande líder, Prefeito Alceu Collares.
Dentro daquela linha de idolatria ao Brizola, que realmente, em termos
progressistas, cai um pouco a bancada, em peso de tribuna, de voto, de
conhecimento da máquina, não tenho dúvida, ela cresce. Mas prometo, nesta
saudação que hoje é só flores, até para não sermos indelicados, prometo que a
partir da semana que vem saudaremos, especificamente, cada um dos Secretários.
Eles aprenderam bastante e vão ter que explicar aqui, algumas coisas. A nossa
Bancada do PDT já escalou: a semana que vem usarão os tempos de Vereadores para
saudarem, especificamente, cada um desses ilustres ex-Secretários.
De modo que hoje estamos bastante felizes com o retorno, mas hoje é
flores, alegria, ilustre Ver. Elói Guimarães, sempre simpático, esse é um
daqueles que precisaria quase que um mês inteiro para perguntar as coisas, mas,
terá a Sessãozinha Especial dele.
Mas, gostaria de me referir, também, sobre o novo secretariado do
Prefeito Alceu Collares. Não resta dúvida de que melhorou muito esse
secretariado.
(Aparte anti-regimental.)
Já vou explicar, Vereador: assumiram o secretariado, agora, pessoas que
não serão candidatas às eleições em 15 de novembro. Nós todos sabemos que os
cinco Secretários, de maneira nenhuma, em nenhum momento, usaram a máquina em
favor das suas candidaturas.
(Aparte anti-regimental.)
O ilustre Líder do PDT está dizendo que eles usaram; eu estou aqui
querendo dizer que eles não usaram, mas agora já não posso mais nem dizer,
porque o Líder do PDT disse que eles estavam usando.
O Sr. Cleom Guatimozim: Eu disse que eles foram
melhores que a Madre Superiora, que usou.
O SR. FLÁVIO COULON: Bem, eu fico mais tranqüilo
agora porque sei que os Secretários que assumiram não são candidatos, de modo
que quando a gente elogiá-los, aqui, não vai haver ciumeira entre os
Secretários, porque quando eles estavam lá, um brigava com o outro porque saía
mais no jornal; havia uma tal de praça que até hoje não foi inaugurada, pobre
do filho do homem, estão quase no fim, mas não inauguraram a praça porque a
SMAM não foi convidada pela SMOV e aquela coisa toda. Mas, fiquei satisfeito
com o secretariado do Prefeito, e se ele tivesse esse secretariado quando
perderam as eleições fragorosamente para o Pedro Simon, em novembro de 85, ele
teria tido mais tempo de recuperar. Agora acho meio difícil recuperar o tempo
perdido. Agora, não gostei de alguns, esses vão trazer sérios dissabores ao
Prefeito Collares. Tem um, aqui ...
(Aparte anti-regimental.)
Sr. Presidente, faz muito tempo que o Vereador não está aqui e ele não
sabe que Liderança não tem aparte, por favor, comunique a ele.
O SR. PRESIDENTE: Não há apartes em tempo de
Liderança. Atenção, não há aparte em Comunicação de Liderança, e o tempo de V.
Exa. também está esgotado.
(Tumulto no
Plenário.)
Estão
suspensos os trabalhos.
(Suspende-se a Sessão às 15h32min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h33min): Estão reabertos os trabalhos. Comunico ao Ver.
Flávio Coulon que o seu tempo de Liderança está esgotado.
O SR. FLÁVIO COULON: Chegou, se fez notado e foi
embora. Conseguiu o que ele queria. Peço à Imprensa que registre o acontecimento,
este incidente para que ele saia no jornal amanhã. Faço um apelo à Imprensa.
Entrou, tumultuou, apareceu e foi embora... Com isso encerro o meu
pronunciamento, Sr. Presidente. Espero que ele apareça, aqui, segunda-feira, às
14 horas. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. ARANHA FILHO (Questão de ordem): Sr. Presidente, gostaria que V. Exa. me
informasse quais as Comissões que os Vereadores titulares assumirão?
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que, ainda,
não recebeu da Liderança do PDT as informações a respeito de quais Comissões
que serão incluídos os Vereadores que retornaram à Casa.
O SR. ARANHA FILHO: Sr. Presidente, hoje,
quinta-feira, é dia de reunião de Comissões. Eu acredito que sempre quando há
uma substituição, imediatamente, é destinado ao Vereador – titular no caso – a
Comissão que ele deva permanecer.
O SR. PRESIDENTE: Nobre Ver. Aranha Filho,
quando há uma substituição, isto é, quando se afasta um Vereador titular e
assume um suplente. Agora está ocorrendo o inverso, estão retornando os
titulares. A Bancada do PDT pretende reformular a distribuição dos Vereadores
nas diversas Comissões, por isso estamos aguardando a Comunicação da Bancada do
PDT.
O SR. ARANHA FILHO: Sr. Presidente, nesse caso
é necessária uma eleição?
O SR. PRESIDENTE: De momento não tenho
condições de responder. Eu acho que onde houve substituição das presidências
das Comissões haverá necessidade de uma nova eleição no âmbito da Comissão.
O SR. ARANHA FILHO: Sr. Presidente, eu só estou
preocupado com o término desta Sessão e a não-informação ao Plenário das
Comissões dos Vereadores Titulares em cada Comissão, porque logo a seguir se
realizarão reuniões das Comissões.
O SR. PRESIDENTE: Infelizmente a Mesa não tem
condições de dar essa informação.
Com a palavra o Ver. Adão Eliseu, em tempo de Liderança, por 5 minutos.
O SR. ADÃO ELISEU: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores. Como é interessante a política, como são interessantes os
políticos. Há um tipo diferente de contenda, há um tipo diferente de atrito, há
um tipo diferente de conflito, que na verdade parece que fica na pele das
pessoas, dos políticos e felizmente não penetra no interior do ser humano. Eu
digo isso porque o Ver. Flávio Coulon teve a delicadeza de permanecer e me
avisar: “eu sei que vais falar de mim por isso vou deixar de atender o meu
telefonema para te ouvir”. Eu agradeço a gentileza e a constatação que eu faço
desse tipo de conflito que existe entre os políticos e que felizmente não
penetra em nosso interior, não cria raízes e não cria maiores problemas.
Eu queria, inicialmente, festejar também com essa Casa o retorno de
valores da nossa Bancada, a Bancada do PDT; que como se viu há pouco vai dar
trabalho para a oposição. Nós perdemos alguns valores que cederam seus lugares
a outros também e até mais experimentados Vereadores que labutavam no Executivo
Municipal.
As boas-vindas, então, deste Vereador, e da Bancada, já que falo em
tempo de Liderança, por cessão de tempo do Líder Ver. Cleom Guatimozim.
Boas-vindas, então, aos companheiros que retornam a esta Casa.
Mas, Ver. Flávio Coulon, vi V. Exa. ontem num ar professoral, e não
estou dizendo nada de mais, V. Exa. é professor, e um bom professor, excelente
professor, rebatendo de forma esdrúxula, diferente, esquisita, as palavras do
Prefeito Municipal, colocando em suas palavras um pouco de racismo quando se
refere ao socialismo moreno do PDT. V. Exa., e V. Exas. representadas pelo Ver.
Flávio Coulon, não comentaram desta tribuna, não comentaram pelos jornais, não
comentaram pela imprensa a última votação, ou a penúltima votação no Senado, na
Constituinte, de um arremedo de reforma agrária, que vai constar na nova
Constituição Brasileira. Eu gostaria de ver, V. Exa. Ver. Flávio Coulon,
comentar o texto que foi aprovado e taxá-lo de retrógrado, muito inferior ao
Estatuto da Terra, que foi uma cria, como diria o gaúcho, do Regime Militar,
logo no seu nascedouro. A UDR tomou conta deste País, enquanto nós, Vereadores
do PMDB, nos digladiamos e vamos nos encontrar na cadeia um dia, como diria alguém,
não sei quem foi, que as esquerdas somente se encontram na cadeia, e a direita
está numa união total, numa união ferrenha, consegue aprovar o que quer, mesmo
tendo o maior partido do Ocidente na Câmara Federal, que é o PMDB. Como é que
um Vereador do PMDB consegue vir à tribuna, consegue ir ao rádio, à televisão,
criticar um Governo Municipal de uma forma pejorativa e racista, dizendo: ”o
PDT e o seu socialismo moreno”.
O Sr. Flávio Coulon: Mas foi o Brizola que
cunhou esta expressão.
O SR. ADÃO ELISEU: Nem foi o Brizola, foi o
Darcy Ribeiro, mas num sentido diferente, Vereador, no sentido brasileiro,
porque o Brasil é um País moreno. Me parece que V. Exa. não nasceu no Brasil.
Olhe para este Plenário, olhe para este País, olhe para este País que V. Exa.
vai ver que nós somos todos morenos. E não há nada de pejorativo em taxar o
nosso Partido, que tem um conteúdo, de socialismo moreno. O Brasil é moreno,
70% dos nossos habitantes são morenos, são negros, e os que não são negros são
de origem negra, como eu. Não estou querendo fazer cartaz com ninguém.
Para concluir, eu vou repetir, eu não sei como é que um Vereador do
PMDB chega na tribuna, no rádio, nos órgãos de comunicação e diz que o Prefeito
Alceu Collares não está fazendo um bom Governo, que não está atendendo a
periferia da Cidade, não está atendendo o centro da Cidade, não está
construindo escolas, enquanto que o Partido de V. Exa. vota num texto muito
reacionário e conservador, comprometido com as oligarquias neste País. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está encerrada a presente
Sessão.
(Encerra-se a Sessão às 15h44min.)
* * * * *